António Zambujo e Miguel Araújo nos Coliseus: “São só 17 concertos”
JORNAL PUBLICO – MÁRIO LOPES 17/02/2016 – 08:25
Dois dos mais celebrados cantores e compositores do país sobem esta quarta-feira ao Coliseu dos Recreios. Será a primeira de umas inéditas dezassete datas, divididas entre o Coliseu lisboeta e o do Porto. “Como é que isto vos aconteceu?”, perguntámos-lhes à mesa do almoço.
Nunca se viu nada assim. É certo que António Zambujo e Miguel Araújo são hoje dois dos músicos e compositores mais ouvidos do país. Dado o percurso em comum que foram construindo desde que, em 2000, se conheceram no Berimbar, em Lisboa, e que inclui agora troca de canções e a partilha do palco na banda Os Da Cidade, não foi surpreendente vê-los anunciar um concerto conjunto no Coliseu de Lisboa e no Porto. O que ninguém esperaria é que esta quarta-feira, quando subirem ao palco do Coliseu dos Recreios, se preparem para iniciar uma verdadeira maratona. Até 28 de Março, darão uns nunca vistos dezassete concertos nas duas históricas salas portuguesas.
Almoçámos no Bairro Alto com o maiato Miguel Araújo, que conhecemos nessa aventura ultra-pop chamada Os Azeitonas, antes de Os Maridos das Outras o transformar em fenómeno a solo, e com o bejense António Zambujo, homem que nasceu no fado antes de abrir asas para abarcar o Brasil e a canção só canção, sem género definido. Encontrámos dois músicos serenos. São só dezassete concertos. Depois deles, Zambujo terminará o álbum de versões de Chico Buarque, com participação do próprio, que grava neste momento no Brasil. Araújo finalizará o próximo single d’Os Azeitonas e continuará a compor canções. Entretanto, em conjunto, terminarão Margarida, canção a incluir no novo álbum do amigo Marante. Depois dos Coliseus, a vida continuará como sempre.
Chegámos por fim à semana em que se inicia esta maratona. Os ensaios estão a terminar, o palco quase a abrir-se para vocês. Já tiveram tempo para pensar como vos aconteceu isto de terem quase esgotados dezassete Coliseus? É um acontecimento inédito, quer com músicos portugueses, quer com estrangeiros.
António Zambujo (AZ) – Agora estamos mais descansados porque os bilhetes já estão comprados.
Miguel Araújo (MA) – A diferença [para a rotina de estrada habitual] é que são dezassete concertos no mesmo sítio e é assim que temos que pensar. Não vão ser as mesmas pessoas a ver todos os concertos, portanto, será como se dessemos um aqui [em Lisboa], outro em Famalicão, outro na zona centro, só que com tudo mais tranquilo por ser no mesmo sítio. Não temos que fazer sound-check todos os dias. Serem dezassete é fora de órbita, mas… Que dizes?
AZ – Os dezassete não dá para explicar, mas o nosso estado de espírito é o mesmo de sempre. Apesar das nossas diferenças, somos dois tipos bastante tranquilos. Ser em duas das principais salas de concertos em Portugal faz-nos sentir um pouco mais entusiasmados, mas nada de grandes ansiedades. Se me dissessem que tinha que fazer dezassete cirurgias seguidas, ficava nervoso porque seria a primeira vez. Agora, dezassete concertos? Vou fazer o que mais gosto.
Video Oficial António Zambujo e Miguel Araújo – No Rancho Fundo (Coliseu do Porto) 2016
O espectáculo é anunciado de uma forma muito simples: Duas vozes, duas guitarras. Será exactamente isso, uma partilha de canções, tão simplesmente?
AZ – É a música pela música, sem grandes invenções. O Miguel, que toca melhor do que eu e que toca mais instrumentos não vai tocar só guitarra acústica, mas também guitarra eléctrica, guitarra oitavada, piano, contrabaixo. Basicamente, tocamos as músicas como as fizemos, despidas dos arranjos.
MA – Eu sou um bocado exagerado e a certa altura, quando dou por ela, já estão trinta e tal músicos em palco. No dia a seguir ao meu concerto no Coliseu [em 2014], eu, a minha mulher e o Zambujo fomos almoçar e ela disse que achava que faziam falta concertos só de voz e guitarra. Estava a sugerir um concerto meu, mas o Zambujo aproveitou-se logo. ‘Vamos embora! Fazemos os dois só voz e guitarra’. O conceito é esse.
Certamente que não prepararam um alinhamento igual para todos os concertos.
MA – Para quem comprou bilhete para mais que um, era bem feito chegarem lá e verem o mesmo concerto, mas só temos alinhamento definido para o início e para o fim. O resto fica ao sabor do momento. Muito em aberto, como aliás sempre foi. Já demos alguns concertos deste género, só que ninguém reparou na altura. O último foi numa discoteca em Monte Gordo.
AZ – Não, o último foi no São Jorge, mas num contexto diferente.
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António Zambujo e Miguel Araújo
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