Depois do fado e do cante alentejano, é agora a vez de os cantares ao desafio “piscarem o olho” ao título de Património Imaterial da Humanidade, numa candidatura que está em embrião em Vila Verde, distrito de Braga.
Os cantares ao desafio “atravessam já muitas gerações” e têm “muito a ver” com aspetos relacionados com a língua portuguesa e com tradições populares
“Estou convencido de que é uma candidatura ganhadora”, referiu o presidente da Câmara de Vila Verde, António Vilela, sublinhando a singularidade e a genuinidade dos cantares ao desafio.
O autarca lembrou que os cantares ao desafio “atravessam já muitas gerações” e têm “muito a ver” com aspectos relacionados com a língua portuguesa e com tradições populares, marcando presença em praticamente todas as romarias do Minho e de várias outras regiões do país.
Além disso, os cantares estão associados a um instrumento — a concertina — também muito típico da cultura tradicional portuguesa.
Sublinhando que os cantares do Minho não são uma tradição apenas de Vila Verde, mas sim de várias outras terras do Minho e de outras regiões de Portugal, Vilela acrescentou que o objectivo é estender o processo a todo o país, “para formatar uma candidatura e uma rede de parceiros muito fortes”.
Jorge Loureiro e Natividade Vieira, no meio artístico mais conhecida por “Naty”, são dois dos mais conhecidos cantadores ao desafio do Minho e olham para a candidatura a Património Imaterial da Humanidade como uma forma de promoção e valorização da arte que os tornou famosos.
Ele alterna os cantares ao desafio com a atividade de calceteiro, ela vive exclusivamente “à custa das desgarradas”.
O mentor da candidatura é Carlos Silva, do Grupo Ideia Cinco, de Vila Verde, que recentemente promoveu naquele concelho uma concentração de cantares ao desafio, reunindo mais de 30 “experts” naquela modalidade musical.
“Agora, é preciso criar uma comissão que tome as rédeas da candidatura”, referiu.
Como o próprio nome indica, nos cantares ao desafio os artistas desafiam-se e provocam-se mutuamente, com quadras e rimas simples salpicadas aqui e ali de alguma ‘pimenta’.
“É tudo de improviso, não estudamos nada, é o que sai na hora”, garante Naty, admitindo que há sempre uma dose superior de ‘pimenta’ quando se ‘defrontam’ um homem e uma mulher.
Para Jorge Loureiro, o cantar ao desafio é “um dom que nasce com as pessoas”.
“Quem nasceu com esse dom, canta; quem não nasceu, não adianta tentar porque nunca vai conseguir”, afirma.
In SOL