Xutos & Pontapés – Estádio do Restelo 2009
DVD Realizado por José Pinheiro e gravado durante o concerto comemorativo do 30º aniversário dos Xutos & Pontapés, ao qual assistiram mais de 30 mil fãs.
O DVD inclui os temas “Quem É Quem”, “Não Sou Jesus”, “Não Sou o Único”, “Mundo ao Contrário”, “Conta-me Histórias”, “Gritos Mudos”, “Jogo do Empurra”, “Enquanto a Noite Cai”, “Remar, Remar”, “O Falcão”, “ O Sangue da Cidade”, “Perfeito Vazio”, “O Que Foi Não Volta a Ser”, “Se Não Tens Abrigo”, “Pêndulo”, “Homem do Leme”, “Superjacto”, “Amor Com Paixão”, “Esta Cidade”, “Circo de Feras”, “Dá Um Mergulho”, “Chuva Dissolvente”, “À Minha Maneira”, “Contentores”, “Sem Eira Nem Beira”, “Submissão”, “Classe de 79”, “Ai Se Ele Cai”, “Dia de S. Receber”, “Minha Casinha”, “Para Sempre” e “Para Ti, Maria”. Neste concerto, os Xutos & Pontapés tiveram como convidados Camané, Pacman (Da Weasel), Pedro Gonçalves (Dead Combo) e Manuel Paulo.
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Reportagem Blitz
Xutos ao vivo 2009 Estadio do Restelo
40 mil ajudaram a maior instituição do rock português a terminar em beleza as celebrações dos 30 anos de carreira.
A noite foi longa para os lados de Belém, em Lisboa, e terá enchido bem as medidas de qualquer fã dos Xutos & Pontapés: dos mais novos aos mais velhos, dos mais acérrimos aos mais queques. Difícil de apurar, a média de idades daqueles que se deslocaram ao Estádio do Restelo para assistir ao primeiro concerto de estádio em nome próprio da banda e aquele que marca o final das celebrações dos 30 anos de carreira. Dos petizes mesmo muito petizes aos cabelos brancos da sabedoria, foram 40 mil os que encheram o relvado e as bancadas do quartel-general do Belenenses.
A primeira parte do espectáculo ficou a cargo d’Os Pontos Negros, mais o seu Magnífico Material Inútil, e dos Tara Perdida de um Ribas imparável, como sempre. As duas bandas que antecederam a entrada dos grandes protagonistas da noite em palco transformaram uma noite especial em mais que um concerto de parabéns: foi uma noite de celebração da música portuguesa cantada em português, com o rock como bandeira hasteada bem alto.
O palco decorado com dois gigantes X, logótipos dos Xutos dispostos um de cada lado, ajudaram a compor uma cenografia aprimorada e auxiliada por um belíssimo jogo de luzes e exercícios de pirotecnia explorados por diversas vezes durante um alinhamento que contemplou canções novas e todos os pontos altos de um percurso ao serviço do rock que este ano entrou nas três décadas de existência.
Tim, Zé Pedro, João Cabeleira, Kalú e Gui entraram em palco depois de os vermos dentro do automóvel que os transportou ao recinto e a percorrer o estádio de uma ponta à outra, sempre acarinhados pelo público (para desespero dos seguranças que os acompanhavam). “Quem É Quem”, o single de apresentação do mais recente, e homónimo, álbum de originais, abriu uma actuação que se estendeu por três horas.
De Xutos & Pontapés , o álbum, ouviram-se ainda (bem distribuídas ao longo do alinhamento) canções como “Perfeito Vazio”, “Amor com Paixão” (letra apaixonada de Zé Pedro), “Classe 79”, “Sangue da Cidade” cantada/declamada pelo convidado Pacman (dos Da Weasel) e a muito celebrada “Sem Eira Nem Beira”, famoso tema do “senhor engenheiro” que calhou muito bem em véspera de eleições legislativas. Zé Pedro aproveitou mesmo a deixa para incentivar ao voto, especialmente dos mais jovens (“Zé Pedro a 1º Ministro” lera-se já num cartaz empunhado por fãs devotos).
Depois de “Não Sou o Único” e “Conta-me Histórias” fazerem uma ponte com o passado bastante celebrada, a banda decide passar para bem pertinho do público e oferecer uma sequência acústica na plataforma circular localizada a meio do recinto. Foi lá que, ajudados pelo contrabaixista Pedro Gonçalves (dos Dead Combo), ofereceram “O Que Foi Não Volta a Ser” e uma versão muito especial de “Homem do Leme” cantada em dueto com Camané, com uma valente ajuda de coro popular.
Em crescendo até ao final oficial do concerto (ou seja, antes dos sempre ansiados encores), a banda ofereceu “Circo de Feras”, com o público a acompanhar a bateria com palmas entusiastas, “Dá Um Mergulho” (que, a brincar, a brincar, já tem quase 13 anos), “Chuva Dissolvente”, “À Minha Maneira” (loucura generalizada) e “Contentores”, canção que cavalga na ovação do público enquanto este salta de forma coordenada.
Um primeiro encore conta com Kalú e Zé Pedro (que “parece o Mick Jagger”, como alguém afirma atrás de nós) a assumirem as vocalizações, respectivamente nos temas “Sem Eira Nem Beira” e “Submissão”. Dedicada aos mais novos, “todos os que estão a ver os Xutos pela primeira vez” diz Tim, a banda oferece “Ai Se Ele Cai” (provavelmente um dos singles menos inspirados da banda, mas um clássico apesar dos seus apenas 5 anos de idade). “Dia de S. Receber” leva, como expectável, o público novamente à loucura, dando também início à trajectória final de um concerto que já ia bem além das duas horas de duração.
“A Minha Casinha”, aquele tema que coloca sempre um ponto final memorável aos concertos dos Xutos, faz as já poucas resistências do público caírem todas por terra e leva a banda ao centro da plataforma no meio do relvado. Lá, Zé Pedro distribui palhetas e Kalú oferece baquetas, mas depois das vénias de agradecimento pelo carinho da audiência fiel, percebe-se que ainda há algo por ouvir. “Para Sempre”, da banda-sonora do filme Tentação , terminaria o concerto com uma mensagem premente, caso “Para Ti Maria” não se tivesse imposto como o tema que faltava ouvir. É ao som do tema de 1988 que a audiência e a banda gastam os últimos cartuchos de uma noite que, com certeza, ficará bem gravada nas memórias de todos os que vivem e respiram Xutos & Pontapés, que não são poucos e a avaliar pela nova geração de fãs tornar-se-ão muito mais. Belos parabéns se cantaram no Estádio do Restelo.
Texto: Mário Rui Vieira / Fotos de: Rita Carmo/Espanta Espíritos
Xutos ao Vivo 2009
Xutos e Pontapés Estádio do Restelo
26 de Setembro de 2009